O mapeamento para possíveis políticas públicas para as cadeias de software , sistemas e aplicações 5G que está sendo gestado pelo Ministério da Economia deve envolver fomento à adoção do Open RAN , que propõe a diversificação da cadeia de fornecedores a partir de redes desagregadas

Nesta terça-feira, 26, a primeira parte do estudo que vai subsidiar a estratégia foi apresentada pelo governo. Realizado em conjunto com a Deloitte e o PNUD, o documento reúne um benchmarking internacional sobre medidas de fomento adotadas por 12 países em relação ao ecossistema 5G (veja o relatório e a íntegra do estudo).

Nas próximas etapas do trabalho (que se encerra em janeiro), um diagnóstico do cenário no Brasil deve ser o foco. Coordenador de Economia 4.0 do Ministério da Economia, James Görgen reiterou que, ao longo de 2022, as diretrizes devem se transformar em iniciativas mais concretas.

"Queremos descobrir quais atores brasileiros estão prontos para fornecer frente a demanda em 5G. Mais do que infraestrutura, queremos um olhar na camada de aplicações, soluções digitais e sistemas, principalmente nas redes de acesso e também nas privativas , onde temos interesse especial. Vamos mapear a demanda existente e por fim, recomendaremos uma política pública para o ministério para estimular o crescimento desse mercado, incluindo o Open RAN ".

Segundo Görgen, a chegada da tecnologia de quinta geração será alavanca para a adoção das redes abertas entre operadoras ou mesmo em verticais de negócio. "Esse é o timing perfeito para incentivo estratégico. Talvez não precise de uma estratégia nacional [como a realizada para IoT ], mas algo que possa ser costurado entre a comunidade de atores e fazer com que pontos de dor sejam resolvidos. Não temos rios de dinheiro, mas podemos investir de forma inteligente ".

Internacional

Para tal, uma avaliação de iniciativas tomadas por países líderes na adoção do 5G ou em inovação foi levada a cabo pela Deloitte.

No caso de asiáticos como China, Coreia do Sul e Japão, uma forte participação estatal nos investimentos e na definição da estratégia foi apontada, com planos nacionais de 5G existentes desde meados da década passada. Como exemplo, no caso do Japão estima-se que mais de US$ 800 bilhões serão investidos pelo Estado e em contrapartidas do setor privado na tecnologia nos próximos anos, sendo um terço por parte do governo.

O cenário foi motivador para os Estados Unidos seguirem caminho semelhante de investimentos pesados do governo na cadeia de infraestrutura e de soluções, seja através de compras públicas pelo Departamento de Defesa ou da ação global desenvolvida pelo país para promoção do Open RAN em outros mercados (sobretudo como alternativa a fornecedores chineses).

Outras nações teriam buscado investir em pontos fortes, como foi na Alemanha, que deu uma atenção especial para o desenvolvimento de redes privativas para a indústria, contando hoje com mais de 100 licenças ativas do gênero, segundo o levantamento da Deloitte.

Também há casos de países que seguem tateando caminhos, como a Índia. Mas mesmo com indefinições rondando o mercado móvel local, há expectativa que a expertise em software dos asiáticos garanta um papel para a tecnologia indiana na cadeia 5G, inclusive em funções de core de rede.

"Não há modelo único de planos para o 5G. Em comum nos países bem-sucedidos estão políticas públicas existentes ao longo de vários anos, antes mesmo da chegada da tecnologia; a coordenação eficaz com academia e startups; e incentivos voltados à base da cadeia produtiva", apontou a líder de tecnologia, mídia e telecomunicações na Deloitte e responsável pelo estudo, Márcia Ogawa.