O mercado de provedores regionais de acesso à internet (ISPs) do Centro-Oeste vive longe da crise. As empresas continuam em processo de crescimento e, não fosse um discreto aumento da inadimplência, totalmente sob controle, segundo os executivos, eles não sofreriam nenhuma repercussão das graves turbulências da economia do país.
O mercado de provedores regionais de acesso à internet (ISPs) do Centro-Oeste vive longe da crise. As empresas continuam em processo de crescimento e, não fosse um discreto aumento da inadimplência, totalmente sob controle, segundo os executivos, eles não sofreriam nenhuma repercussão das graves turbulências da economia do país.“Temos que ter só um pouco mais de cuidado”, comenta Jorge Roscete, sócio-diretor da Brava Telecom, que conta com uma carteira de 20 mil clientes espalhados por Brasília e Planaltina, no Distrito Federal, e por mais seis cidades do Mato Grosso: Rondonópolis, Araputanga, Sinop, Mirassol do Oeste, Cáceres e Pontes e Lacerda. Roscete foi um dos 70 ISPs que participaram do Encontro Provedores Regionais do Centro-Oeste, realizado pela Bit Social na terça-feira (28), em Cuiabá (MT).
Para acelerar seus negócios e melhorar a qualidade de entrega da conexão, a Brava Telecom, há 25 anos no mercado, está construindo um datacenter em Brasília, onde vai centralizar todo o tráfego de internet da pequena operadora, que já soma 5 Gigabytes. Para se conectar, a Brava Telecom compra banda de operadoras como Embratel, Algar Telecom e Vivo e está conectada diretamente ao PTT de São Paulo.
Além dos ganhos da centralização do tráfego, o datacenter vai permitir à empresa colocar os CDNs de provedores de conteúdo em Brasília, economizando banda. E vai abrir um novo negócio: serviços de colocation e de segurança para terceiros. Um dos clientes do datacenter da Brava Telecom será a Master, de Eder Celloni, que atua em seis cidades do Mato Grosso, no coração do agronegócio representado por Lucas do Rio Verde.
Há dois meses, a Master, que tem cinco mil clientes residenciais e corporativos, começou a operar a sua rede de fibra, lançada em Nova Mutum. A publicidade da chegada da fibra fortaleceu o nome do ISP no mercado de acesso à internet e provocou um aumento também no número de clientes que atende por rádio (até então, a totalidade). “Foi um efeito que não esperava”, relata Celloni. “De outubro do ano passado para cá, nosso número de ativações dobrou”, conta ele.
A fibra no cerrado
Como a Brava Telecom e a Master, todos os ISPs acima de 4 mil assinantes estão investindo em rede de fibra. Mas ainda fazem ampliações com rádio, especialmente para atender à zona rural e bairros mais distantes. “Ainda há muita carência de internet de qualidade”, resume Celloni. De 2014 para 2015, a penetração da banda larga (móvel e fixa) no Mato Grosso, passou de 43% para 52% dos domicílios, 2 pontos percentuais abaixo da média nacional segundo dados apresentados por Pedro Lucas de Araujo, diretor substituto do Departamento de Banda Larga da Secretaria de Telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Telecomunicações (MCTIC).
Com uma rede de fibra de 40 quilômetros no backbone e outros 100 quilômetros de derivação (até à casa do usuário), a GB Online, cuja matriz se situa em Colíder, vem crescendo, nos últimos três anos, a uma taxa de 26%. Seu presidente, Sidney Neto, um técnico de informática que montou o provedor há 16 anos, diz que o único sinal de crise que sentiu foi um pequeno aumento da inadimplência, que vem administrando sem traumas. Ele explica que atua em uma região, que tem como cidade-polo Sinop, centro estudantil (16 mil universitários) e de prestação de serviços para o entorno e o agronegócio.
Embora o número de ISPs registrados na Anatel e em operação no estado do Mato Grosso seja pouco superior a 60, Neto conta que ainda há muitas empresas que atuam de forma “pirata”. “Só em Sinop existem mais de 50”, calcula ele. Em sua avaliação, os ISPs “piratas” vêm perdendo espaço para as empresas mais profissionais. “Quem não se profissionalizar não vai sobreviver à chegada de provedores de maior porte de outras regiões do país que já começam a aparecer por aqui”, prevê.
Com 32 colaboradores, muitos com vários anos de casa, Neto se orgulha do investimento que faz na equipe na área técnica e da gestão profissional que imprimiu à empresa. “Temos planejamento estratégico, plano de carreira e só invisto com recursos próprios”, conta.
Mesmo a pequena Techlink, com sede em Vera, 8 mil habitantes também no Mato Grosso, já começou a investir em fibra. Com 750 assinantes, a empresa acaba de lançar 4 quilômetros de fibra de um projeto de 20 quilômetros. De acordo com Rogério dos Santos, um dos sócios, técnico em informática, há muita espaço para crescer na região. Além de Vera, a Techlink atende também Feliz Natal, de 12 mil habitantes.
O Encontro Provedores Regionais Centro-Oeste contou com o patrocínio do BNDES, Furukawa, Nextest, Telebras e Viavi e o apoio institucional da Abrint e da Momento Editorial.
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