O comitê estratégico da Oi – composto por menos integrantes do que o conselho diretor, mas com a representatividade dos dois principais controladores, Pharol e Société Mondiale, além de outros representantes e da diretoria – aprovou hoje, 28, um plano de capitalização da empresa , dinheiro novo, que deverá ser direcionado para investimentos na infraestrutura da operadora.

Na última reunião do conselho de administração, realizada neste mês de junho,  a  proposta de aumento de capital foi apresentada pela direção da companhia, liderada por Marco Schroeder, e o conselho repassou-a para esse comitê avaliar os seus detalhes. Segundo fontes que acompanham o caso, a ideia é ter  um primeiro tranche de R$ 2 bilhões e o restante a ser alocado após a conclusão do processo de recuperação judicial.

Anatel

Para o presidente da Anatel, Juarez Quadros, essa decisão “sinaliza algum andamento melhor da situação”. Ele, porém, prefere ver em detalhes como se dará a operação, para confirmar quais os grupos que vão aportar dinheiro e, portanto, ingressar no controle da empresa, e quais os que não farão isso e como esse dinheiro será empregado.

Conforme fontes a par da negociação, o aporte será feito seguindo a legislação atual, ou seja, a participação será equivalente ao dinheiro a ser injetado. O Societé Mondiale – por meio de seu representante brasileiro, Nelson Tanure – tem avisado que pretende, no mínimo, manter sua posição na companhia, ou seja, irá acompanhar a capitalização na proporção de seus 7% de ações ordinárias que possui hoje.

O maior acionista, a Pharol, com 27,49%, ainda não deu sinais claros de como será sua atuação. Mas há quem diga que os portugueses estão se preparando para essa injeção de capital e já teriam buscado recursos externos. Outros analistas avaliam que a empresa irá ser diluída, até porque recentemente um dos sócios – o banco BCP (que tinha mais de 6% da empresa em 2015) – retirou-se completamente da sociedade.

Nesta semana, Quadros encontrou-se com o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, para pedir apoio do ministro às medidas de reordenamento institucional – projeto de lei, Medida Provisória, Decreto – que foram anunciadas, mas que estão paradas e  são fundamentais para resolver a negociação da dívida da Oi. Quadros foi também relatar a grave situação da Sercomtel.

Um ano de recuperação judicial

A Oi completou um ano de recuperação judicial no dia 20 de junho, a maior do Brasil e da América Latina, com dívida de R$ 63 bilhões. Desse endividamento total, os credores internacionais são os que têm a maior parte  – R$ 32 bilhões. Em seguida, vem a Anatel, que, sozinha, tem a receber R$ 20 bilhões de multas tributárias e não tributárias (mas nos R$ 63 bilhões de dívida, só estão considerados R$ 11 bilhões). Em seguida, vêm dívidas com bancos comerciais brasileiros (BB é o maior credor), no total de R$ 9,3 bilhões. Com o BNDES (único que tem garantias firmes), a dívida é de R$ 3,3 bilhões e outros US$ 3 bilhões com agências internacionais de fomento (principalmente com a China).

No primeiro trimestre deste ano, registrou prejuízo de R$$ 200 milhões, 89% menor do que a perda de R$ 1,8 bilhão de um ano antes. As outras rubricas da operadora não apresentaram melhora. A receita líquida caiu 8,8%, para R$ 6,16 bilhões. O EBITDA (lucro antes de amortizações, depreciações e impostos) encolheu 2,4% ano-a-ano, atingindo R$ 1,7 bilhão. O caixa disponível perdeu 9,7%, ficando em R$ 7,7 bilhões.