* Com Lia Ribeiro Dias

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No dia marcado para o lançamento do edital definitivo de venda de capacidade do SGDC, o satélite da Telebras, deixa também o controle da estatal seu principal executivo,  presidente Antonio Loss. Ele assumiu o comando da empresa em agosto de 2016, no lugar de Jorge Bittar, depois do impeachment de Dilma Rousseff.

O Tele.Síntese apurou que Loss deixa o cargo a pedido do próprio ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Gilberto Kassab, depois que o ministro conseguiu acomodar outros interesses de seu partido.

É que Loss teria sido indicado pelo senador Omar Aziz, do Amazonas, do mesmo partido de Kassab, o PSD, para a direção da estatal de telecomunicações. Mas comenta-se que o ministro não estava satisfeito com seu desempenho, e conseguiu tirá-lo depois que equacionou o pleito de seu correligionário.

Foi aberta uma vaga na Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), para a indicação de um nome de Aziz, cargo preferido do ex-governador amazonense, o que possibilitou a Kassab fazer a mudança que queria na Telebras.

A saída de Loss já foi aprovada pelo Conselho de Administração da Telebras, que aprovou também o nome do atual diretor técnico-operacional, Jarbas Valente, para assumir interinamente a presidência.

Hoje, Loss deu entrevista a um pequeno jornal de Brasília, atirando contra a fornecedora Gilat, que ganhou a conturbada licitação para o fornecimento de três antenas para os gateways do satélite geoestacionário. O executivo disse, na entrevista, que a empresa estaria atrasando a entrega das antenas, para justificar a demora da entrada em operação do satélite.

O que a fornecedora israelense nega, afirmando que está rigorosamente dentro do prazo previsto no contrato, e que a primeira antena já está pronta, está sendo embarcada na China e demora dois meses para chegar, devendo estar totalmente operacional em solo brasileiro em outubro.

Fonte da Gilat assinala que foi contratada para fornecer três das cinco antenas dos gateways, já que duas das antenas de comunicação  – para o Rio de Janeiro e para Brasília – já estavam incluídas no pacote de fornecimento do satélite.

Mas, observa esta fonte, além das antenas, o sistema só pode ficar operacional com a instalação dos hubs, que, neste caso, vai depender da nova modelagem criada pela atual diretoria. Ela desistiu de contratar todos os equipamentos, concentrando-se apenas nas antenas, para repassar a compra dos hubs e das antenas VSat (o lote que provocou por três vezes o cancelamento da licitação da Telebras) para a empresa privada que comprar um dos slots  da venda de capacidade, cujas regras deverão ser conhecidas pelo mercado ainda hoje, 3, conforme comunicado à CVM na última sexta-feira.

Na semana passada, Loss conversou com o “Tele.Síntese”, quando an unciou planos de ligar escolas com a banda larga do satélite da Telebras ainda este ano, além de retomar, no segundo trimestre, o aumento de capital da empresa.

O satélite da Telebras, depois de alguns adiamentos, foi lançado no dia 4 de m aio, e já está em sua órbita original. O edital de venda de capacidade – que para a oposição é uma privatização do satélite, em ação enviada ao STF – deve ainda ser publicado hoje, como informou a empresa à CVM na semana passada. O preço mínimo de venda para cada um dos quatro lotes deverá continuar em sigilo, para evitar a cartelização.

Loss, antes de assumir a Telebras, comandava a Via Sat Brasil. Anteriormente,  participou da Net Sul e da Net Serviços.