A 3GPP, entidade responsável pela padronização de tecnologias de redes móveis, definiu o padrão para redes 5G de alta vazão. O organismo havia definido no final de 2017 o padrão de transição , em que antenas 5G se comunicavam com núcleo de rede LTE. Agora, definiu como equipamentos puramente 5G deverão funcionar, tornando a rede toda 5G, de ponta a ponta.
A reunião final (foto) de definição do release 15 standalone da 5G aconteceu nesta semana em La Jolla, nos Estados Unidos. Participaram mais de 600 representantes de empresas de tecnologia, academia e países. A padronização era debatida há 34 meses.
Luciano Leonel Mendes, professor do Inatel e especialista do Centro de Referência em Radiocomunicação da instituição, explica que o feito é um marco para as redes móveis. “É fantástico porque mostra que a comunidade está sendo hábil em entregar algo para operadoras e fabricantes em tempo recorde”, afirma.
Os fabricantes poderão vender também o núcleo e todos os elementos da rede 5G. Não mais apenas as antenas. Os engenheiros da 3GPP agora vão trabalhar para construir casos de uso da tecnologia. A meta é sugerir aplicações além do setor de telecomunicações. Uma das vertentes possíveis anunciadas é a da automação industrial.
Companhias de todo o mundo saudaram o feito. China Mobile, AT&T, BT, Ericsson, Huawei, Intel, Mediatek, NEC, Nokia, Qualcomm, Samsung e TIM estão entre as companhias que já se comprometeram em adotar o padrão.
Características
Pelos padrões aprovados, serão consideradas 5G redes capazes de fazer agregação de portadoras e fatiamento de capacidade. Deverão possuir latência menor que 10 ms, velocidades de 10 Gbps na célula e alta densidade de antenas.
Segundo Mendes, os padrões definidos vão acelerar a chegada da 5G aos smartphones. “Isso vai viabilizar serviços como realidade aumentada em tempo real, realidade virtual sem atraso ou tontura. Jogos online chegam a um novo patamar, graças a um nível de interação com ambiente virtual em nível jamais visto. O streaming será de alta qualidade, com 4K no celular e 3D de alta definição”, explica.
As redes de quinta geração poderão usar as frequências móveis que já são usadas no 2G, 3G e 4G. Além do espectro de 3,5 GHz e o de ondas milimétricas (26 GHz na Europa, 28,5 GHz nos EUA e na Coréia do Sul). No Brasil, a Anatel pretende leiloar em 2019 faixas de 3,5 GHz. Indica, também, preferência pela banda de 26 GHz , já que os 28,5 GHz são usados para comunicações por satélite no país.
Para o professor, smartphones 5G comprados nos EUA provavelmente vão funcionar no Brasil, mesmo que haja a diferença nas ondas milimétricas. “A tendência é que os fabricantes do chipset façam aparelhos compatíveis com maior número possível de bandas para ter ganho de escala. O risco de incompatibilidade acontecer é baixo. Mas ainda é cedo para dizer com certeza”, ressalta.
Próximos passos
A padronização das redes 5G chegou a uma importante etapa hoje, mas não se encerrou. A 3GPP vai se debruçar no resto deste ano e no próximo dos releases 16 e 17 das especificações. Em cada release, vai acrescentar modos de uso e funcionamento da rede.
Por exemplo, as discussões para inclusão de tecnologias para multiplicar em muitas vezes a quantidade de aparelhos conectados por célula acontecem no release 16. No prática, esta definição vai detalhar como a internet das coisas vai se comportar na quinta geração de redes móveis. Ali deve entrar o padrão para carros autônomos V2x.
A contribuição brasileira para a discussão deve ser acrescentada no release 17, a ser definido em 2020. Mendes é um dos pesquisadores que a defendem. No caso, o Brasil propõe o 5G Range , padrão para conectividade de amplo alcance no campo.
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